Branca de Neve vira um ícone do poder feminino



Por 400 anos, a Branca de Neve foi a mais chata princesa dos contos de fada. Sem magia, inteligência ou ousadia, ela fazia basicamente nada até o dia em que ela come a maçã e morre. Ela tem, no entanto, seu bonito corpo exibido em um caixão reluzente até que o príncipe apareça e a beije em êxtase.
A principal realização da Branca de Neve, além de ser bonita o suficiente para inspirar a perversa rainha a tentar matá-la, é ensinar os sete anões a como limpar sua própria casa.
O que não parece um bom presságio para a mais quente heroína de Hollywood, que as actrizes estão clamando para desempenhar.
Até então, a Branca de Neve é o personagem do momento.


“Nós a modernizamos”, explica Lily Collins, que actua como a princesa amiga dos anões em “Mirror, Mirror” (Espelho, Espelho Meu). Dirigido por Tarsem Singh (“Imortais”), o filme é esbanjador e uma actualização dos desenhos de conto de fadas sobre o conflito entre a jovem e inocente (Collins) e a má e narcisista rainha (Julia Roberts).
“Ela inicia como a princesa familiar do conto de fadas que todo mundo cresceu conhecendo, de olhos arregalados e inocente”, diz Collins, “mas ela se torna uma garota que luta por aquilo que acredita”.
E luta seria a palavra-chave, para “Mirror” e para “Snow White and the Huntsman” (“Branca de Neve e o Caçador”), que será lançado em Junho e estrelado por Kristen Stewart de “Crepúsculo”. A Branca de Kristen Stewart está envolta em correntes e empunha uma espada e escudo. Entretanto, Ginnifer Goodwin interpreta uma significante mais dona de si, se desarmada, versão da personagem no drama de contos de fadas, “Once Upon a Time”.
Colectivamente, elas estão remarcando o antiquíssimo conto de fadas, fazendo com que a Branca de Neve seja mais do que um bebe crédulo que assobia enquanto trabalha e aceita frutas de estranhos.
A Branca de Kristen Stewart “é uma guerreira endurecida e não irá se curvar às pressões da Rainha Má”, é o que Chris Hemsworth, que interpreta o Caçador em “Branca de Neve”, disse ao site SciFi Now.
“Eu, por exemplo, estou feliz em ver a Branca de Neve quebrar a ícone garota virgem que precisa ser salva e a ver em combate por si mesma”, diz  Melissa Silverstein do site Women and Hollywood (Mulheres e Hollywood). “Nós queremos ver mulheres fortes e tomando o controle de suas vidas, mesmo que seja nos contos de fadas. Talvez essa Branca de Neve seja feminista”.
É seguro dizer que a Branca de Neve começou como feminista. De sua mais antiga encarnação, em 1634, ela era “passiva e estúpida”, segundo o pesquisador Rut Sue Bottigheimer, da SUNY Stony Brook, autor de “Fairy Tales and New History” (“Contos de Fadas e Novas Histórias”).
O personagem surgiu gradualmente, diz Bottigheimer. “Há uma garota em um caixão de vidro em uma história do início do século 17. E isso, depois de aproximadamente 150 anos, se transforma em outra história e os Grimms a mudam no formato que conhecemos atualmente”.
Há teorias que a Branca de Neve foi inspirada em uma pessoa real; um estudioso alemão propôs que ela foi baseada em uma menina de nobreza alemã chamada Maria Sophia Margaretha Catharina von Erthal, nascida em 1729 e sobre carregada com uma odiosa madrasta. (Há um “espelho falante” em amostra no Spessart Museum in Lohr am Main, Alemanhã, aonde Maria viveu).
Mas essa ideia foi desmascarada pelos académicos literários, incluindo Bottigheimer, que apontam que a história se originou um século antes. “Tem havido várias tentativas para mostrar que a história da Branca de Neve é baseada no destino de uma figura histórica, mas são puras especulações e nem todas convincentes”, diz Donald Haase, um professor em Michigan’s Wayne State University, especializada em folclore.
A versão definitiva de “Branca de Neve”, compilada pelos irmãos Grimm em 1812, apresenta uma princesa que é só doçura e alegria, embora o conto geral – como toda história dos Grimm – é cheia de violência, ameaça e morte terrível.
Na história tradicional, a Branca de Neve nasce de uma rainha jovem que morre após o parto. Ela é criada por seu pai e por sua nova esposa, que é insanamente ciumenta pela beleza da enteada – o espelho falante da rainha a informa que ela não é tão bonita – e portanto pede a um caçador que leve a princesa para a floresta e a mate.
Ele não consegue fazer isso, então ele a deixa ir e ela se dirige a uma casa habitada por amigáveis anões. Ela é eventualmente encontrada pela disfarçada rainha, com uma maçã envenenada. Embora a Branca de Neve coma a maçã e morra, é apenas temporário – ela é resgatada por um príncipe que a ressuscita e se apaixona por ela.
As linhas finais, nas quais descrevem a perversa rainha sendo forçada a assistir o casamento da Branca de Neve e do Príncipe Encantado, não são as coisas de uma família típica:
“Chinelos de ferro já haviam sido colocados no fogo e eles foram trazidos com pinças, e definidos antes dela. Então ela foi forçada a usar o sapato vermelho e quente e a dançar até ela cair morta”.
Como contos de ficção são um pouco escuros. Por um lado há uma pontinha de preconceito da súplica da rainha má ao espelho: “Quem é a mais bela de todas?”
“Ter a pele clara era uma marca da beleza no norte europeu,” disse Bottigheimer. “Você está em contraste com uma ‘mulher morena’, em algumas letras medievais, que é uma garota do campo. Uma garota justa não é aquela que sai ou trabalha”.
Ela não precisa ser tão inteligente, mas significativamente, diz Bottigheimer, Branca de Neve só caiu no feitiço da Maçã envenenada. Na qual foi a terceira tentativa da Rainha má, disse ela. “A primeira vez foi quando ela ofereceu um pente envenenado e a segunda ela foi amarrada com tanta força que não conseguia respirar”.
Em uma coisa que ela sempre ficou conhecida, eram com suas habilidades domésticas. “Vamos lembrar que ela não era apenas uma menina bonita, mas também uma pessoa que gostava de manter a casa organizada,” disse Bottigheimer, se referindo que a casa de campo dos sete anões que sempre estava em ordem.
“A princesa sempre alegre e sempre limpando” em Branca de Neve e os 7 anões (Disney 1937), ainda é vista como a verdadeira versão para muita gente. No conto de Grimm, isto parece ser familiar em alguns aspectos. O Sapato vermelho escuro, a Rainha má pedindo para que o Caçador traga a ela o “pulmão e o fígado” como um símbolo de sua morte e cheio de mensagens optimistas.
Mas eles também estão sempre lidando com o comportamento passivo da Branca de Neve. “Nos contos de Fada clássicos, a Princesa sempre espera pelo seu Príncipe,” Disse o produtor Kevin Misher. Em nossa história não tem apenas o seu salvador, mas ela também tem que ajudar o Príncipe (Armie Martelo). Isto é algo moderno, eu acho.
“Branca de Neve e o Caçador” do diretor Rupert Sanders tem como tema a Princesa como salvadora, fazendo de Branca de Neve literalmente uma guerreira, mas ele insiste que não quer colocá-la como uma super heroína.
Branca de Neve veste uma armadura, mas ela não é a “irmã de Bruce Lee,” disse ao IFC.com. Ela está vestida com a armadura porque tem que matar a Rainha. Ela sabe que tem que matar alguém e a espada em sua mão esta muito inquieta.
Ginnifer Goodwin desenvolveu sua própria opinião sobre seu personagem em “Once Upon a Time”, disse ela que veio com um olhar mais critico sobre a Branca de Neve. “Eu li muito sobre a sua vaidade, a sua competição com a Madrasta Má, e acabei mudando de ideia sobre ela!”, disse ao LA Times.
A versão dos Grimm fala da vaidade de Branca de Neve que não queria abandonar o bonito Pente oferecido a ela pela bruxa. “A mensagem era que sua vaidade podia mata-la”.
O Poder (possivelmente obcecado) de Branca de Neve foi aparentemente tomado em todas as direcções, pode ter sido o motivo de a Disney ter abandonado a ideia de fazer um filme de livre acção da Branca de Neve.
Ainda assim parece que nunca vamos nos cansar de ver os contos da Princesa, seja qual for o seu formato.
“O Clássico Branca de Neve se usa de muitos recursos,” disse Haase, ele inclui muitos personagens vivos e emotivos como o Espelho Mágico, a maçã envenenada e os sete anões, e ainda lida com algumas emoções intensas, como o drama, a relação de mãe e filha, ciúmes, assassinato e renascimento.
Além disso, disse Silverstein “O conto de fadas de Branca de Neve é perfeito”. Você tem uma boa menina que é a Princesa, e uma menina má que é a Madrasta. É uma “caixa” em que todas as mulheres se combinariam.

Fonte: Once Upon a Time Brasil

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